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As incoerências de Textor ao pedir teto salarial

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As incoerências de Textor ao pedir teto salarial

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Nos últimos dias repercutiu fortemente nas redes sociais uma polêmica entrevista do dono do Botafogo, John Textor, ao ge. Em manutenção a sua postura de propor mudanças no futebol brasileiro, em que passou a investir em 2022, o norte-americano defendeu que deve ser adotado um modelo de “teto salarial” (diferente do fair play financeiro das grandes ligas). A motivação? Frear os investimentos do Grupo City e possíveis títulos do Bahia nos próximos anos. 

“O Brasil trouxe o dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos nada, se não criarmos um teto salarial, o Bahia vai ganhar todos os campeonatos por 20 anos consecutivos”, declarou o mandatário do Botafogo. 

“Se não fizermos alguma coisa sobre o Fair Play financeiro aqui, deveria ser um teto salarial, porque não tem os problemas que a Europa tem com teto salarial. Seria um limite contido internamente. Você não poderia gastar mais do que essa quantidade de dinheiro e garantiria que o fluxo ajudasse os jogadores ao longo de todos os níveis. É possível fazer isso de forma bem saudável”, justificou na entrevista. 

Tão logo a entrevista foi publicada ela ganhou repercussão nas redes sociais com críticas a Textor por sua fala direcionada ao Bahia. Afinal, por que tanto incômodo diante de um clube que não está sequer no Top 10 dos que mais investiram no ano, não está entre as maiores folhas salariais ou sequer está disputando os grandes títulos?

A segunda janela de transferências do futebol brasileiro foi reaberta na última semana e é o Botafogo que fez o maior investimento único, ao pagar R$ 135 milhões para contratar Thiago Almada, na maior compra do futebol brasileiro em sua história. O segundo lugar dessa lista também é do Alvinegro, com a compra de Luiz Henrique por R$ 86 milhões no início do ano. Somente com eles, foram R$ 221 milhões. 

Os grandes reforços não foram os únicos da gestão Textor, que também fez generosos aportes nos últimos anos. Apesar disso, o Botafogo fechou a temporada de 2023 com déficit de R$ 101 milhões, apesar de ter aumentado suas receitas para R$ 520 milhões. Os números foram divulgados em balanço do clube e contam com adiantamento de 20% dos direitos de transmissão da Liga Forte União. 

A consultoria Ernst & Young apontou que no final de 2023, o Botafogo seguia como o clube de maior dívida do futebol brasileiro, com R$ 1,03 bilhão. Desse valor, há uma grande pendência com empréstimos, que chega em R$ 429 milhões. Durante o ano, houve uma operação de empréstimo do Botafogo com a XP Investimentos no valor de R$ 340 milhões. O dinheiro foi para o empresário norte-americano e para o clube belga RWD Molembeek, e aumentou endividamento da SAF.

Ou seja, é curioso que Textor queira ser a voz de aviso dos perigos do Grupo City no Brasil enquanto ele assume práticas que seriam as mais fiscalizadas pela adoção de um fair play financeiro. O norte-americano ainda foi contundente ao deixar claro que um modelo de fair play como na Europa não daria certo no Brasil e defendeu um modelo comum a outros esportes no seu pais, como a NBA e a NFL. 

Ao mesmo tempo que o Botafogo gastou aos montes no mercado, o Bahia gastou “apenas” R$ 50 milhões contratando Caio Alexandre e Jean Lucas. O Tricolor está prestes a anunciar também o atacante Luciano Rodríguez, joia uruguaia, e que será o mais caro da sua história, por R$ 65 milhões. Mas a promessa não é de maiores investimentos para o ano. 

Além disso, como prioridade, o Grupo City acabou de uma só vez com a maior parte da dívida do Bahia, garantindo um crescimento sustentável. No final de abril, o clube anunciou que 86% da dívida original foi quitada, assim como todos os acordos trabalhistas. Até dezembro do ano passado, o CFG havia pago R$ 256.361 milhões de R$ 300.935 milhões de dívidas. 

‘Nosso almoço’

Uma parte da declaração de Textor em especial chamou a atenção. O dono do Botafogo usou a entrevista para fazer um alerta a Corinthians, Palmeiras e Flamengo, claro, se colocando entre eles contra um inimigo em comum. 

“Se você fizer isso ou nada, e esse é meu aviso para Corinthians, Palmeiras, Flamengo… Se não fizermos algo, vamos acordar daqui a 70 anos, sob a atual estrutura administrativa, com as pessoas que estão aqui hoje, o Bahia vai ganhar o Campeonato Brasileiro em 17 de cada 20 anos. e não fizermos algo agora sobre um teto salarial, o Bahia vai comer nosso almoço…Lamento dizer isso para os torcedores do Flamengo aí fora. Esqueçam, acabou, acabou. Precisamos consertar isso agora. A Liga tem que ser feita agora, o teto salarial também.”

Desde 2010, esses três clubes citados por Textor conquistaram nove de 14 Campeonatos Brasileiro disputados. A escolha de palavras para o ‘nosso almoço’ também é curiosa. Mais nenhum clube pode lutar por títulos? Somente o Botafogo pode tentar conquistar algo? O empresário mal chegou ao futebol brasileiro e já parece lutar para manter o status quo e os privilégios dos mesmos clubes de sempre.

Se colocar como aliado do Corinthians em luta contra um inimigo comum dentro do conceito de responsabilidade fiscal é outra postura no mínimo controversa. Afinal, o clube paulista vem de más gestões recentes e só vê as suas dívidas aumentarem. Claro, nunca parou de fazer contratações milionárias e dar calotes. 

Textor ainda relembrou que o Grupo City é controlado pelo governo de Abu Dhabi, assim como o PSG é controlado pelo Catar na França. No país, ele é dono do Lyon. “O o fato é que o Brasil trouxe dinheiro do petróleo para casa”. É como se ele falasse que o dinheiro dele que entra no Botafogo fosse permitido, mas não aportes de outros investidores. 

Ao mesmo tempo, Textor também se notabilizou recentemente por lançar dúvidas sobre manipulação de resultados, citando nominalmente clubes, jogadores e colocando em evidência árbitros. Sem provas, ele depôs até mesmo no Senado Federal. Não dá para lutar por melhorias no futebol brasileiro enquanto, de maneira irresponsável, joga o produto na lama. 

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